sábado, 8 de maio de 2010

Mãe



Certa vez perguntaram a uma mãe qual era seu filho preferido,aquele que ela mais amava.E ela deixou entrever um sorriso,respondeu:
"Nada é mais volúvel que um coração de mãe".E como mãe lhe respondeu:o filho predileto,aquele a quem me dedico de corpo e alma é o meu filho doente até que sare
O que partiu,até que volte
O que está cançado,até que descanse
O que está com fome,até que se alimente
O que está com sede,até que beba
O que está estudando,até que aprenda
O que está nu,até que se vista
O que nao trabalha até que se empregue
O que namora,até que se case
O que casa até que conviva
O que é pai,até que os crie
O que prometeu,até que cumpra
O que chore,até que cale
E já com o semblante bem distante daquele sorriso completou:
O que me deixou,até que o reencontre...
Desconhecido

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Escolhas


Todos os dias fazemos escolhas,
que roupa vestir,
que transporte ou caminho
utilizar para os nossos compromissos.
Escolhemos a todo instante,
embora transpareça
que somente existam rotinas.
Escolhemos o que fazer e como fazer
em nosso trabalho e na vida
se seremos coletivo ou individualista,
Se agiremos pensando no todo
ou em nosso egoísmo, em nossa vaidade.
Escolhemos nossos pensamentos,
se eles serão positivos,
levando-nos a vencer
nossas missões terrenas
ou se serão negativos,
jogando-nos a fracassos
e fazendo surgir doenças
em nossos corpos físico e espiritual.
Escolhemos as nossas palavras,
se elas serão carinhosos,
tocando os corações das pessoas
- cultivando amigos
ou se serão cortantes,
fazendo ferir, magoando.
Escolhemos o sentir,
nosso coração não é tão livre assim,
escolhemos quem amar,
e se esse amor será
egocêntrico ou incondicional,
se respeitaremos ou não
as diferenças próprias de cada ser.
Decidimos qual postura ter,
se retilínea ou tortuosa em nossa conduta,
se seremos verdadeiros ou falsos.
Ao escolhermos,
fazemos a nossa opção de caráter,
e não adianta disfarçar,
o que somos verdadeiramente,
nossos atos demonstram sempre,
ninguém engana todos a todo o tempo.
Escolhemos se poderemos inspirar confiança
e se seremos dignos do amor das pessoas,
se vamos ser íntegros com elas
e conosco também,
afinal, temos o nosso pensar
e sentir pulsando dentro de nós,
a nossa individualidade humana,
o nosso caminho a seguir.
Escolhemos também
o nosso caminho espiritual,
se pertenceremos a religião
apenas para cumprir normas e dogmas
ou se viveremos o verdadeiro amor de Jesus,
praticando Este Amor Singular
principalmente fora dos templos,
como Ele o fez em todo o tempo
em que viveu na Terra.
Escolhemos sempre
e por isso escolhi escrever esta poesia,
para dizer o que penso
e o que sinto a respeito das escolhas
e também para dizer
de meu intenso amor por você.
Você é a escolha que fiz
para guardar eternamente em meu coração.

Moacir Sader

terça-feira, 4 de maio de 2010

Assim eu vejo a vida




A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

Cora Coralina

domingo, 2 de maio de 2010

O Amor e a Amizade


Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre amor e amizade,
ele me disse essa verdade...
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.
Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.

sábado, 1 de maio de 2010

"Saudade é o que faz as coisas pararem no tempo"...Fer Sempre!



Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo,
que solidão errante até tua companhia!
Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.
Em taltal não amanhece ainda a primavera.
Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,
juntos desde a roupa às raízes,
juntos de outono, de água, de quadris,
até ser só tu, só eu juntos.
Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,
a desembocadura da água de Boroa,
pensar que separados por trens e nações
tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos
com todos confundidos, com homens e mulheres,
com a terra que implanta e educa cravos.


Pablo Neruda

Definitivo


Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Sou minha própria paisagem...


Nao sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa